Crê em Deus, e ele cuidará de ti; espera nele, e dirigirá os teus caminhos; conserva seu temor, e nele permanece até à velhice (…).” (Eclo 2,1-6)
Ao acalmar a tempestade, Ele se direciona para os discípulos e ali mesmo proporciona a eles uma formação. Faz uma pergunta: “Por que sois tão medroso?”
O medo nasce automaticamente no coração de quem se vê sozinho, desamparado, e se sente “órfão do Pai do céu”. Aqueles discípulos estavam apavorados porque ainda não haviam encontrado Jesus na parte de trás do barco. Eles até sabiam “teoricamente” da presença de Jesus no barco, mas, de fato, precisavam fazer uma experiência da presença ativa de Jesus e do seu Senhorio em suas vidas. É incompreensível que ainda hoje muitos cristãos vivam sua fé apenas na teoria, sem ter um encontro pessoal com Jesus, que pode sustentá-los no tempo de tribulação.
Para o cristão, a passagem pela tribulação é uma oportunidade de vivenciar uma conversão pessoal, a partir de um esvaziamento de si mesmo (processo kenótico), para estar cheio de Deus. Aprender a lidar com as tribulações e sofrimentos é um credenciamento necessário para o seguimento de Cristo. Ele disse: “Se alguém que vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me” (Lc 9,23). Trata-se de uma exigência do Senhor para os que querem segui-Lo; e Ele não abre exceção para ninguém, “Quem não carrega sua cruz e não caminha após mim, não pode ser meus discípulo”(Lc 14,27). Jesus não fez propaganda enganosa de um “cristianismo light e frouxo”, e sim deixou claro que deveríamos tomar a cruz a cada dia; aquela cruz que tantas vezes é motivo de reclamação, mas que Ele mesmo avisou que existiria. Perceba que os ensinamentos de Jesus são válidos até hoje para mim e para você. Ele não enganou ninguém a respeito das exigências necessárias para ser um discípulo, um verdadeiro cristão.
É admirável a capacidade de sacrifício voluntário de tantas pessoas que possuem o objetivo de ganhar uma corrida, uma partida de futebol , um concurso de beleza, não medindo esforços para isso. Entretanto, quando esse mesmo empenho é exigido na sua fé, as desculpas sempre aparecem, e ainda há quem diga que muita dedicação é sinal de fanatismo, o que nunca é dito quando se trata de novelas, barzinhos, jogos, Internet, carros, cosméticos e tantas outras coisas. Jesus, porém, proporcionou aos Seus discípulos segurança para o enfrentamento dessas realidades tão exigentes.
Um das frases mais repetidas por Jesus aos Seus discípulos, quando lhes ministrava um ensinamento, foi: “Não tenhais medo”. Foi assim que Jesus exortou Pedro a ter coragem de caminhar sobre as águas do mar em tempestade:
“Quando os discípulos o viram andando sobre o mar, ficaram apavorados e disseram: “É um fantasma!” E gritaram de medo. Mas Jesus logo lhes falou: “Coragem! Sou eu, não tenhais medo!” (Mt, 14,26).